Nossas fontes de energia

Ao traduzir essas Reflexões de Blas Rueda não tinha analisado que não encontramos no Brasil o Oligase 600. Esse composto é produzido por uma empresa alemã: a Frusano. A Frusano produz alimentos e compostos voltados à intolerância à frutose e outras associadas.

Por outro lado dá-nos a conhecer a existência das enzimas alfagaloctosidase, sacarase, celulase e hemicelulase. Segue a tradução:

Quando comemos, acostumamos acompanhar nossos pratos com alimentos ricos em carboidratos (amidos), que irão fornecer parte da energia necessária para nosso corpo.

O ideal seria a comer alimentos com carboidratos (amidos), que sejam digeridos e absorvidos lentamente, o que evitaria picos glicêmicos indesejados e teríamos por mais tempo os níveis de glicose no sangue adequado para que nossas células o utiizem como fonte de energia.

Mas, infelizmente, em pacientes com má absorção de frutose/sorbitol, isso nem sempre é possível e então recorremos a alimentos com altos níveis de hidratos de carbono. Porém eles são digeridos mais rapidamente com picos de glicemia, sendo que os níveis de glicose serão adequados somente durante um tempo muito menor.

Entre esses alimentos que utilizamos, está o arroz branco (não integral), massas ou macarrão feitos de farinha de arroz não integral e as batatas. Aqui estão alguns índices glicêmicos (IG) que podem nos chamar a atenção.

Arroz Branco IG..... 50 (grau médio)

Macarrão de arroz não integral tipo chinês IG..... 60 (grau médio)

Batatas fritas IG..... 95 (grau alto)

Batatas cozidas sem pele IG..... 70 (grau alto)

Batatas assadas no forno IG..... 95 (alto)

Vemos que na batata IG está intimamente relacionado com a maneira com que vamos cozinhá-la.

Quando comemos esses alimentos, eles deveriam ser acompanhados sempre por uma certa quantidade de legumes. E eu digo isso porque os vegetais contêm fibras solúveis e como todos devemos saber, esse tipo de fibra retarda o esvaziamento gástrico e, portanto, pode aliviar os índices glicêmicos anteriores.

Há muitos fatores que fazem com que os alimentos que contêm amido tenham diferentes índices glicêmicos, mas hoje eu estou valorizando um pouco o papel da composição das fibras e do amido como fatores que fazem variar o índice glicêmico.

Existem alimentos com altos níveis de hidratos de carbono (amido), os quais, por seu conteúdo de fibras são muito difíceis de tolerar nas fases iniciais e que, mesmo em fases muito avançadas são difíceis de digerir. E nesse caso me refiro aos legumes incluindo grão de bico, lentilhas e feijão branco. Os legumes são alimentos com alto valor nutritivo. Vamos ver seus índices glicêmicos.

Grão de bico IG..... 35 (grau baixo)

Lentilhas IG..... 30 (grau baixo)

Feijão..... 30 (grau baixo)

Estes seriam alimentos ideais, mas como já mencionado, difíceis de digerir. Por exemplo 100g de grão de bico seco teriam uns 15-16 gramas de fibras (solúveis + insolúveis).

Vamos falar um pouco do grão de bico e analisar sua composição em hidratos de carbono para entender melhor por que não os toleramos.

Os hidratos de carbono são constituídos pelos monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

1) Entre os monossacarídeos, podemos encontrar galactose 0,05%, ribose 0,1%, frutose 0,25% e glicose 0,7%.

2) Entre os dissacarídeos, temos a maltose 0.64% e a sacarose 1-2%.

3) Os oligossacarídeos são representados por frutooligossacarídeos (GOS), distinguindo duas famílias, a família da rafinose, onde temos a rafinose, estaquiose e verbascose e a família dos ciclitoles galactosil, onde temos o ciceritol.

Estes oligossacarídeos não são digeridos pelo nosso intestino delgado pois não temos a enzima necessária para fazê-lo e, assim, irão atingir o nosso intestino grosso onde serão fermentados pela flora intestinal, resultantes em ácidos graxos de cadeia curta e a gases, responsável pela sintomatologia intestinal.

4) Polissacarídeos, constituídos principalmente por amido, mas com a particularidade que 35% deste amido é amido resistente. E está relacionado com o elevado conteúdo de amilase presente.

Não sei qual a quantidade que este amido resistente será modificado na digestão após cozido, mas certamente alguma quantidade chegará ao nosso intestino grosso, ajudando a piorar os sintomas produzidos pelo GOS.

5) Além do amido, existem outros polissacarídeos que podem ser divididos em dois grupos: solúveis e insolúveis. Os solúveis são representadas por alguns tipos de hemicelulose e pectinas; e os insolúveis são representados pela celulose e hemicelulose.

Como podemos ver, existem várias substâncias que chegam ao nosso intestino grosso:

- Frutooligosacarídeos

- Hemicelulose

- Pectinas

- Amido resistente

Podemos também encontrar lignina. É a única fibra que não é um hidrato de carbono. E é uma fibra insolúvel.

Portanto, não só os GOS serão responsáveis pela dificuldade de tolerar o grão de bico ainda que estejamos falando somente dele.

Hoje, existem suplementos dietéticos que contêm diferentes enzimas que nos ajudarão a digerir e tolerar o grão de bico e outras leguminosas. Entre eles estão o Oligase 600, que na composição encontramos 4 enzimas: alfagaloctosidase, sacarase, celulase e hemicelulase.

Ontem fiz um prato rápido e fácil para começar a avaliar este suplemento alimentar (oligase 600) contendo uma série de enzimas, entre os quais há um que torna possível digerir o GOS (alfagaloctosidasa), outra a hemicelulose (hemicelulase), outra a celulose (celulose) e outras, a sacarose (sacarase).


Este prato tinha 2 outros ingredientes que a priori não deveria representar problemas.

Ingredientes:

-75 Gramas de albacoras enlatadas (azeite virgem), que é um atum branco.

- 30 gramas de grão de bico sem pele (foto) -

1 ovo cozido em fatias

Em relação ao grão de bico, comprei uma lata de grão de bico cozido. Separei cerca de 35 gramas, lavei muito bem e, em seguida, retirei a pele e pesei 30 gramas.

Em um prato eu coloquei o peixe desfiado, que removi todo o óleo que podia. Adicionei 30 gramas de grão de bico sem pele, bem lavado e o ovo cozido cortado. Regue com azeite virgem extra e algumas gotas de limão.

Antes de começar a comer o prato. tomei 2 cápsulas de Oligase 600. Após 24 horas, nenhum sintoma significante.

Mas ainda tenho algumas perguntas para pensar quando se toma Oligase 600 para tolerar legumes e nesse caso particular, grão de bico.

1) As enzimas contendo Oligase 600 quando eles começam a agir.

2) Qual o impacto sobre o índice glicêmico inicial de 35 e até o nível vai subir já que convertemos oligossacarídeos e polissacarídeos em moléculas de glicose?

3) Perde-se todos os benefícios da fibra solúvel , ou apenas a sua ação prebiótica, mantendo a sua ação sobre o esvaziamento gástrico, ou esta também se perde.

4) As enzimas contidas em Oligase 600 não digerem todas as substâncias que podem chegar ao intestino grosso; aqueles que ficam, todas as pessoas serão capazes de tolerar?

5) Apesar de estarmos alterando algumas de suas propriedades nutricionais, os nutrientes restantes inalterados são tão importantes que aguentam estas alterações?

Por: Beth Alamino