Regime dietético de emergência

Durante os períodos de jejum prolongado, assim como os que ocorrem em doenças corriqueiras, traumatismos, períodos pré e pós cirúrgicos, etc, o organismo entra numa espécie de stress metabólico cuja adaptação provoca um aumento do catabolismo protéico e a mobilização de substratos energéticos alternativos como os ácidos graxos e os corpos cetônicos. Nos pacientes afetados pelos erros inatos do metabolismo intermediário, esses períodos de descompensação metabólica dão lugar ao acúmulo de substâncias potencialmente tóxicas que colocam em risco a vida do paciente. Por isso é necessário um plano dietético emergencial que substitua total ou parcialmente a dieta usual de uma criança por exemplo durante um período curto de tempo (24-48h) para minimizar o catabolismo protéico e a lipólise. O regime de emergência padrão é, essencialmente o mesmo para todas as doenças, combinado com uma terapia específica segundo o tipo de desordem (EIM). Usa-se uma solução de polímeros de glicose como fonte principal de energia pois é simples, agradável de tomar e bem tolerada. Os lipídios diminuem a sensação de esvaziamento gástrico, podem induzir ao vômito e ainda estão contraindicados em algumas doenças como as alterações da oxidação dos ácidos graxos. As ingestões devem ser iniciadas por via oral na casa do paciente assim que aparecerem os primeiros sinais de doença. A seguir temos as concentrações e os volumes que se deve administrar. Se há o risco de desidratação é aconselhável fazer uma solução de reidratação oral suplementada com polímeros de glicose pois essas soluções não tem quantidade suficiente de glicose. Essa solução deve ser tomada a pequenos goles com bastante frequência. Se o paciente começar a ter vômitos ocasionais, 10ml a cada 10 minutos. Durante a noite, não é aconselhável prolongar o jejum por mais de 4 horas. Se o vômito continuar, deve-se ir ao hospital para soro glicosado a 10% intravenoso (cada 100ml com 10g de glicose).

Assim que for melhorando, deve-se iniciar a dieta normal aos poucos com calma até que a dieta seja o normal.

QUANTIDADE

10 anos ou mais

Em pessoas com mais de 10 anos, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 25%. Tomar 200ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 2 litros no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 25%: 40 a 50g (8 a 10 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 200ml de solução de reidratação oral.

Indicação: Maltodextrina Athletic sem sabor.

8 a 10 anos

Em crianças com 8 a 10 anos, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 20%. Tomar 200ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 1,7 a 2 litros no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 20%: 40g (8 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 200ml de solução de reidratação oral.

6 a 8 anos

Em crianças com 6 a 8 anos, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 20%. Tomar 170ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 1,5 a 1,7 litros no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 20%: 35g (7 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 170ml de solução de reidratação oral.

4 a 6 anos

Em crianças com 4 a 6 anos, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 20%. Tomar 140ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 1,4 a 1,5 litros no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 20%: 30g (6 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 140ml de solução de reidratação oral.

2 a 4 anos

Em crianças com 2 a 4 anos, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 20%. Tomar 140ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 1,2 a 1,4 litros no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 20%: 25g (5 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 140ml de solução de reidratação oral.

18 a 24 meses

Em crianças com 18 a 24 meses, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 15%. Tomar 120ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 100ml/kg no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 15%: 20g (4 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 120ml de solução de reidratação oral.

12 a 18 meses

Em crianças com 12 a 18 meses, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 15%. Tomar 90ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 100ml/kg no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 15%: 15g (3 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 90ml de solução de reidratação oral.

6 a 12 meses

Em crianças com 6 a 12 meses, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 10%. Tomar 90ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 120-150ml/kg no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 10%: 10g (2 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 90ml de solução de reidratação oral.

3 a 6 meses

Em crianças com 3 a 6 meses, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 10%. Tomar 75ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 150-200ml/kg no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 10%: 8,75g (1 3/4 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 75ml de solução de reidratação oral.

0 a 3 meses

Em crianças com 0 a 3 meses, a concentração de polímeros de glicose (maltodextrina) deve ser de 10%. Tomar 60ml a cada 2 horas durante o dia, com o máximo de 150-200ml/kg no dia. Durante a noite, a cada 3 horas.

Solução de carboidratos a 10%: 7,5g (1,5 colheres) de polímeros de glicose (maltodextrina) em 60ml de solução de reidratação oral.

RECOMENDAÇÕES PARA O TRATAMENTO HOSPITALAR

Se o paciente estiver hipoglicêmico e sintomático, deve-se administrar a glicose da seguinte forma:

200 mg/kg (2 mL/kg de glicose a 10%), seguido de soro na veia, contínuo de 5-10 mg/kg/minuto (3-6 mL/kg/hora) de glicose a 10%. É necessário ajustar o ritmo da infusão para manter uns níveis de glicose de 4-8 mmol/L (70-140 mg/dL) e continuar a perfusão até que os níveis de glicemia se mantenham estáveis e o enfermo tolere as ingestões orais.

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Adaptação: Beth Alamino

Fonte: M. Ruiz, F. Sánchez-Valverde, J. Dalmau, L. Gómez y Nutricia S. R. L. Tratamiento nutricional de los errores innatos del metabolismo. 2ª edición. Madrid: 2007.